Pit Bull, crescimento apesar do preconceito

O American Pit Bull Terrier cresce à margem das entidades cinófilas de maior prestígio e apesar de ser alvo de grande preconceito.

Se você consultar as estatísticas da entidade cinófila nacional que mais registra filhotes – a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC) -, ou de qualquer outra das 77 organizações filiadas à Federação Cinológica Internacional (FCI), não encontrará registro do American Pit Bull Terrier. O mesmo acontecerá se estender a busca a outras conhecidas entidades do mundo, como o American Kennel Club (AKC), o The Kennel Club (TKC) da Inglaterra e o Canadian Kennel Club. Mas, mesmo assim, o Pit Bull existe. E como! Os entusiasmos por ele são muitos, bem como os que temem e produzem uma crescente legislação contra a raça.

"Por ano, registramos aproximadamente 300 mil Pit Bulls em todo o mundo, por meio de 62 clubes filiados que organizam 260 exposições,com 55 a 200 cães inscritos em cada uma", informa Renee Greenwood, uma das diretoras da principal entidade dedicada exclusivamente ao Pit Bull, fundada em 1909, a American Dog Breeders Association (ADBA). Só para comparar, todas as raças registradas pela CBKC em 1996 somaram menos de um terço disso. E o cão mais registrado pelo AKC nos EUA – o Retriever do Labrador – chega à metade daquele número.

CONTRAVENÇÃO

Desde o seu desenvolvimento no fim do século passado, o Pit Bull vem atraindo admiradores. Às qualidades que lhe deram fama de lutador imbatível nas arenas de cães, soma-se a grande lealdade ao dono.

As lutas entre cães ou outros animais passaram a ser crime – resultando em prisão – nos Estados Unidos, em 1976 (Lei Federal nº 94-279, do Departamento de Agricultura). Proibições anteriores, em alguns Estados, não incorriam na mesma gravidade. Dos 50 Estados americanos, 36 adotam a lei federal. A Califórnia, por exemplo, penaliza com um ano de prisão e multa superior a 50 mil dólares. O Pit Bull, que já era associado à violência das brigas entre cães, passou a ser visto também como integrante de uma atividade criminosa.

A raça atraiu maior interesse dos apreciadores da agressividade. Pit Bulls perigosos, com temperamento destorcido pelo homem, tornaram-se mais comuns. "Cada vez que uma pessoa é atacada por um Pit Bull e a notícia repercute, a raça torna-se mais temida e ao mesmo tempo aumenta a curiosidade e interesse por ela pelos que gostam de violência", avalia a criadora há mais de 20 anos pelo UKC, Ginny York.

Sob os holofotes da mídia, o preconceito contra o Pit Bull cresceu. Nos Estados Unidos, mais de uma centena de cidades em 36 Estados estão com restrições a cães considerados perigosos. O Pit Bull aparece em todas as listas (o Fila Brasileiro, em algumas). Pit Bulls são proibidos de circular sem focinheira e de ficar soltos na presença de visitas. Outros são banidos da cidade, como aconteceu com uma família de Minot, em Dakota do Norte, que se mudou para não ter o Pit Bull confiscado. A Inglaterra proíbe a criação da raça desde 1991. Na França e Canadá há restrições.

"Certamente, a repercussão das leis e dos acidentes, muitas vezes ampliada pela mídia, aumentou o temor e o interesse pelo Pit Bull", comenta a americana Suzanne Danielle, uma das diretoras da Responsible Dog Owners Association, em Washington, entidade que parte do princípio que as leis anti-Pit Bull contribuem para aumentar o temor exagerado à raça e se dedica ao esclarecimento da população sobre isso.

Fonte: Família Pet, do Uol