Terrier Brasileiro - Fox paulistinha

O Terrier Brasileiro é a segunda raça de cão originalmente brasileira, sendo a primeira o Fila brasileiro. Não se tem certeza de suas origens, suspeita-se que descendam dos Fox Terrier, Jack Russel e cães de fazenda brasileiros. Tendo o mesmo padrão desde 1920 , mas foi internacionalmente reconhecida apenas em 1995.

Há fortes indícios de que cães de tipo Terrier, sem precisão de raça definida, viajavam como caçadores de ratos em navios mercantes, principalmente nos ingleses, desde o século XIX. Acredita-se que o Terrier Brasileiro é originado do acasalamento destes cães.

O Terrier brasileiro foi adaptado tanto ao campo como ao meio urbano. No meio urbano teve a importante função de guardar as mercadorias dos armazéns da ação predatória de roedores e, no meio rural, também com eficiência, passou a desempenhar atividades de caça e, inclusive, a de boiadeiro junto aos rebanhos.

Temperamento

De temperamento alegre e cheio de energia, o Fox Paulistinha é ágil, inteligente e muito adestrável, comum em apresentações caninas.

Ótimo para companhia de crianças por seu comportamento brincalhão, sempre alerta, forte e leal. Mansos com a família costumam estranhar desconhecidos e cuidar de seu território.

Como os terriers, essa raça se desenvolve bem fazendo tanto o papel de cão de companhia até cão de alarme e caça de pequenos roedores. Porém é preciso ser firme para o treinamento pois esta raça é muito independente. Não tem medo de cães maiores e sabe se defender muito bem.

O Terrier Brasileiro é originalmente um cão de caça de pequenos roedores, portanto é um cão independente pois não precisa de comandos para realizar seu trabalho. Em casa ele é um cão de guarda e alarme, sempre atento com tudo que acontece ao seu redor.

Com a família é extremamente carinhoso e ótima companhia, mas é arredio com estranhos. Com crianças é preciso um pouco de cuidado pois em geral o Terrier Brasileiro não é muito tolerante, tem forte instinto de matilha e costuma obedecer apenas a um lider. É um cão de temperamento forte como todo terrier e precisa ser educado desde filhote.

Padrão

Não exige muitos cuidados. É um cão de pelo curto, os machos devem ter entre 35 e 40 cm e fêmeas entre 33 e 38 cm, pesando até 10 kg, robusto e de personalidade independente.

Coloração: o corpo de fundo branco,com marcações pretas e marrons. A cabeça tem uma máscara preta, cinza ou marrom com pelagem canela ao redor da boca, sobrancelhas e na região interna e borda das orelhas, podendo ter marcações brancas no focinho e no alto da cabeça. Orelhas pendentes e triangulares, olhos castanho-escuros, o mais escuros quanto possível nos pretos, e verdes, castanhos ou até azuis nas outras cores. Peito amplo com formato de "barril", não sendo esgalgado, como nos galgos. cauda cortada, ou íntegra , podendo nascer sem cauda em algumas linhagens.

Saúde

O Terrier Brasileiro é uma raça muito robusta que não apresenta nenhuma tendência para doenças, sendo necessário somente cuidado com os parasitas como carrapatos, pulgas e fungos.

Referências
* Associação Brasileira do Terrier Brasileiro
* Associação Brasileira do Terrier Brasileiro — padrão comentado

Fonte: Wikipédia

Pit Bull, crescimento apesar do preconceito

O American Pit Bull Terrier cresce à margem das entidades cinófilas de maior prestígio e apesar de ser alvo de grande preconceito.

Se você consultar as estatísticas da entidade cinófila nacional que mais registra filhotes – a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC) -, ou de qualquer outra das 77 organizações filiadas à Federação Cinológica Internacional (FCI), não encontrará registro do American Pit Bull Terrier. O mesmo acontecerá se estender a busca a outras conhecidas entidades do mundo, como o American Kennel Club (AKC), o The Kennel Club (TKC) da Inglaterra e o Canadian Kennel Club. Mas, mesmo assim, o Pit Bull existe. E como! Os entusiasmos por ele são muitos, bem como os que temem e produzem uma crescente legislação contra a raça.

"Por ano, registramos aproximadamente 300 mil Pit Bulls em todo o mundo, por meio de 62 clubes filiados que organizam 260 exposições,com 55 a 200 cães inscritos em cada uma", informa Renee Greenwood, uma das diretoras da principal entidade dedicada exclusivamente ao Pit Bull, fundada em 1909, a American Dog Breeders Association (ADBA). Só para comparar, todas as raças registradas pela CBKC em 1996 somaram menos de um terço disso. E o cão mais registrado pelo AKC nos EUA – o Retriever do Labrador – chega à metade daquele número.

CONTRAVENÇÃO

Desde o seu desenvolvimento no fim do século passado, o Pit Bull vem atraindo admiradores. Às qualidades que lhe deram fama de lutador imbatível nas arenas de cães, soma-se a grande lealdade ao dono.

As lutas entre cães ou outros animais passaram a ser crime – resultando em prisão – nos Estados Unidos, em 1976 (Lei Federal nº 94-279, do Departamento de Agricultura). Proibições anteriores, em alguns Estados, não incorriam na mesma gravidade. Dos 50 Estados americanos, 36 adotam a lei federal. A Califórnia, por exemplo, penaliza com um ano de prisão e multa superior a 50 mil dólares. O Pit Bull, que já era associado à violência das brigas entre cães, passou a ser visto também como integrante de uma atividade criminosa.

A raça atraiu maior interesse dos apreciadores da agressividade. Pit Bulls perigosos, com temperamento destorcido pelo homem, tornaram-se mais comuns. "Cada vez que uma pessoa é atacada por um Pit Bull e a notícia repercute, a raça torna-se mais temida e ao mesmo tempo aumenta a curiosidade e interesse por ela pelos que gostam de violência", avalia a criadora há mais de 20 anos pelo UKC, Ginny York.

Sob os holofotes da mídia, o preconceito contra o Pit Bull cresceu. Nos Estados Unidos, mais de uma centena de cidades em 36 Estados estão com restrições a cães considerados perigosos. O Pit Bull aparece em todas as listas (o Fila Brasileiro, em algumas). Pit Bulls são proibidos de circular sem focinheira e de ficar soltos na presença de visitas. Outros são banidos da cidade, como aconteceu com uma família de Minot, em Dakota do Norte, que se mudou para não ter o Pit Bull confiscado. A Inglaterra proíbe a criação da raça desde 1991. Na França e Canadá há restrições.

"Certamente, a repercussão das leis e dos acidentes, muitas vezes ampliada pela mídia, aumentou o temor e o interesse pelo Pit Bull", comenta a americana Suzanne Danielle, uma das diretoras da Responsible Dog Owners Association, em Washington, entidade que parte do princípio que as leis anti-Pit Bull contribuem para aumentar o temor exagerado à raça e se dedica ao esclarecimento da população sobre isso.

Fonte: Família Pet, do Uol

Ataque de cães: todo cuidado é pouco

Ao invés de culpar os animais irracionais ou mesmo determinadas raças caninas, vamos aprender melhor o que fazer para evitar sermos atacados e o que fazer se formos atacados. Abaixo, matéria a este respeito da Agência Estado:

Freqüentemente aparecem notícias de crianças ou adultos mordidos por cachorros - em alguns casos com desfechos trágicos, como o do aposentado Haroldo da Silva, de 76 anos, atacado pelo seu próprio cão pit bull na noite de 31 de agosto. Os cães dessa raça, assustadores até em fotos, figuram entre os principais agressores. Eles não são, porém, os únicos animais que podem se tornar perigosos por causa de suas dentadas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que, a cada ano, mais de 12 milhões de pessoas no mundo sejam alvos de mordidas de cachorros e serpentes ou de picadas de escorpiões e de outros animais venenosos. "Mordidas de cães são muito mais comuns do que se pensa", informa o infectologista Cláudio Gonsalez, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. "Felizmente, as complicações que poderiam ocorrer por estas mordidas, como infecções, raiva e tétano, não são tão comuns", completa.

O infectologista alerta: é preciso ter muito cuidado ao tratar os ferimentos provocados por animais. Toda mordida deve ser avaliada por um médico, mas é recomendável tomar algumas providências antes de se dirigir ao hospital. Tente controlar o pânico desencadeado pelo ataque e busque desinfetar o local atingido. "A primeira coisa a se fazer é lavar a ferida com água e sabão", avisa Gonsalez. Cuidados simples como esse podem fazer com que o tratamento posterior obtenha resultados melhores.

Após lavar a ferida, a vítima deve deixá-la aberta e procurar um especialista. É ele quem irá indicar o melhor tratamento - além de realizar suturas e cirurgias caso a mordida tenha arrancado pedaços ou lesado nervos da vítima. Segundo Gonsalez, toda mordida pode gerar um quadro bacteriano. Para contorná-lo, o médico poderá prescrever antibióticos profiláticos.

DE OLHO NO ANIMAL AGRESSOR - Infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Gilberto Turcato lembra que o animal agressor não deve ser sacrificado. "O cão ficará em observação por dez dias", diz o médico. Este procedimento é adotado em qualquer situação de risco causada por cão ou gato. Mais grave do que as infecções é a raiva, doença que, caso se instale na vítima, é fatal em 100% dos casos. O tétano também pode levar a óbito se não for tratado rapidamente.

Turcato chama a atenção para as vacinas, que não devem ser dadas somente no animal, mas aplicadas também em todos que desejam se prevenir do tétano. "A primeira dose é na idade pré-escolar e, dali em diante, a pessoa deve fazer um reforço de dez em dez anos para afastar o risco completamente", aconselha o médico.

PROTEJA-SE: (Associação Nacional Norte-Americana dos Carteiros)

- Não corra do cachorro. O instinto do animal dirá para ele correr e capturar a presa. Se o cachorro rosnar, não grite. Evite o contato visual;

- Tente permanecer imóvel até que o cachorro deixe o local. Então saia devagar até que não consiga mais vê-lo;

- Não se aproxime de um cachorro desconhecido, ainda mais se ele estiver confinado;

- Nunca deixe crianças pequenas sozinhas em companhia de cães. Eles podem atacá-las e avançar também em quem tentar se aproximar da criança.

O Dálmata

Como surgiu ainda é um mistério, mas o fato é que de tão antiga, a raça já passou por tantos lugares e foi registrada em tantos lugares diferentes que é difícil precisar a origem da raça. Há registro no Egito antigo onde o Dálmata aparece em imagens sobre tumbas de faraós. Mas também há quem diga que a raça tenha surgido na Dalmácia, região da Iugoslávia, e que daí viria o seu nome.

Usada na Europa para guardar estábulos e também como escolta das carruagens, correndo ao lado e atrás delas, tornou-se mascote dos bombeiros americanos, certamente resquício do tempo em que os caminhões de bombeiros eram puxados por cavalos.

O Dálmata é um cão que não requer muitos cuidados especiais. Mas como é extremamente ativo e brincalhão, precisa de muito exercício. Quando resolve liderar a matilha é muito persistente, porém quando aceita a liderança é especialmente dedicado ao dono, seguindo-o qualquer que seja seu meio de transporte.

Normalmente dócil e amoroso, caracteriza-se por ser uma raça leal, inteligente e ativa. Talvez por isso manteve sua popularidade sempre em alta por muitos anos. Mas com certeza esta popularidade também se deve ao desenho animado de Walt Disney: Os 101 Dálmatas, de 1961.

As pintas - Sua marca registrada, as pintas pelo corpo, podem ser apenas preto ou fígado e os criadores procuram cada vez mais preservar sua conformação, já que neste caso não basta ter pintas: elas precisam ser perfeitas para destacar a elegância do cão.

A preocupação com as pintas chega ao requinte de determinar o tamanho ideal que devem ter, bem como a sua forma, a distribuição e a coloração correta. Segundo a Federação Cinológica Internacional (FCI), as pintas devem ser o mais redondinhas possível, bem definidas, em cor preto ou fígado sobre branco puro, sem mistura de cores e menores nas extremidades (cabeça, patas e cauda). Muitas pintas juntas, formando "cachos de uva", também são indesejáveis.

Dálmatas com olhos azuis também são considerados desqualificados, uma vez que sugere-se uma relação entre a cor dos olhos e o sério problema de surdez apresentado por alguns exemplares da raça. Segundo essas pesquisas, cerca de 25% dos dálmatas europeus apresenta algum tipo de surdez. O problema é tão sério que no ano passado o The Kennel Club, na Inglaterra, em associação com a entidade filantrópica Charitable Trust, investiu boa parte dos US$ 495 mil, destinados a pesquisas genéticas, no estudo das causas de surdez na raça.

As modificações introduzidas no Padrão da Raça reduziram também a altura mínima permitida e estabeleceu um peso ideal (que não existia no padrão anterior).

O Filhote - Os filhotes dos Dálmatas nascem brancos e as manchas características começam a surgir apenas após 15 dias. É importante que se verifique os pais dos filhotes para se ter uma idéia mais precisa de como se parecerá quando adulto e também deve-se certificar que o filhotinho não tenha manchas já ao nascer, o que caracterizaria as "patches".

Outro cuidado a ser tomado pelo futuro proprietário, no caso de exemplares cor de fígado, é saber a cor dos antepassados, já que caso haja seguidos cruzamento de exemplares cor de fígado, os descendentes podem apresentar problemas de pigmentação.

Com informações extraídas de www.dogtimes.com.br

Raças - definições

Vou aproveitar o espaço para, vez por outra, lançar informações básicas sobre as raças caninas maias comuns. Assim, eu crio um catálogo de informações que poderão ser consultadas por mim e por você a qualquer tempo.

Ringo

Não sei quando começou, mas acredito que minha vontade de entender melhor e conviver com cães teve início com meu primeiro amigo canino, Ringo. Um pequeno vira-latas preto muito bonito e simpático. Conheço ele mais de histórias do que de lembranças. Mesmo assim, acredito que ele foi o meu primeiro bom amigo.

Contam que ele me protegia e me guiava quando eu ainda era bebê. E que aceitava, sem reclamar, todas as brincadeiras “pesadas” que só um bebê pode submeter um bicho de estimação.

Na minha lembrança infantil, ele sumiu num dia em que esqueceram o portão de casa aberto. Hoje, conhecendo várias desculpas que adultos dão para crianças aflitas, acho que o destino dele pode ter sido outro. Como isso faz muito tempo, certamente já não está mais nesse mundo.

Dele eu aprendi que é possível ser diferente e se respeitar, se cuidar e até amar. Ele foi o único cachorro que minha mãe aceitou em casa em toda a minha vida. Quando ele sumiu veio um filhote chamado Pingo, mas que por ser muito “elétrico” foi morar na granja de um amigo.

Enfim, Ringo deixou saudades e sempre terá um espaço para ele na minha casa.

Boca a boca com um Pitbull

Boy era uma mistura de Pitbull, Bullterrier e vira-latas. Era um cão bonito, mas tinha uma herança maldita: a dos “cães assassinos”. É que está na moda chamar os cães de grande porte de assassinos, “animais violentos”, “descontrolados”, “feras ensandecidas”.

O cachorro, desde cedo já sofria com o preconceito e com o medo que gerava nos marcados pelas matérias e notícias que são irresponsavelmente veiculadas por todo o país. Quando chegava alguém em casa e via o filhote, claro, corria para afagá-lo e brincar com ele. Só que quando descobria a raça do bicho se afastava e já achava que estava sendo encurralado pelo filhote.

Isso acontecia em casa também, como o filhote veio sem consulta e trazido pelo adolescente da casa, as repreensões iniciaram, mas sem ninguém resolver devolvê-lo e ele passou a ser tratado de maneira diferente de como o outro cão da casa. Aliás, outro vira-latas só que “raceado” com pastor alemão e gigante chamado Lobão.

Passou a viver amarrado no pé de uma árvore desde os cinco meses. O adolescente encorajava brincadeiras como perseguir outros cães e gatos. Apesar de Boy ter um amigo gatinho, também filhote, ele passou a não aceitar outros bichos em seu território.

Logo, o seu comportamento ansioso e agressivo, gerado pela forma como vinha sendo criado gerou o medo da família. Ninguém passeava com Boy, ninguém brincava com ele.

Aí, tiveram uma idéia, vamos adestrá-lo. Vamos. E eu fui. O primeiro problema a vencer era a ansiedade dele. Sempre que começávamos a brincar, ele só queria morder e arranhar. Essa era a única forma que ele conhecia de agradar o dono. A corrente do enforcador e a guia para ele eram apenas mordedores.

Na fase do passeio na rua foi o inferno. Ele tinha medo da corrente, quando vestia o enforcador ficava louco. Depois descobri que ele apanhava com a corrente e depois era preso a um coqueiro com ela. Ele simplesmente detestava a corrente. E eu, enquanto adestrador, tentava mostrar que a corrente não faria mal para ele.

Depois de algumas aulas ele percebeu que o enforcador não ia machucá-lo, mas teve um momento em que ele tentou perseguir um gato e acabou recebendo um tranco da corrente. Com o estalo da corrente, muito mais do que por causa do tranco, ele se assustou e enlouqueceu.

Boy pulou, puxou, deitou, empurrou e eu me mantive parado esperando o fim do ataque de pânico. Eu alisava sua cabeça e falava macio com ele para que ele se sentisse seguro, mas ele estava descontrolado. Segurar um bicho forte como aquele foi difícil, mas ele nunca me ameaçou.

Depois de quase um minuto de agonia Boy desmaiou. Faltou ar e ele apagou. Nós estávamos na rua e eu não podia soltá-lo, precisava que ele se acalmasse para que o enforcador afrouxasse, mas nunca planejei fazê-lo desmaiar. Quando isso aconteceu, eu fiquei preocupado e não tinha nada mais a fazer além de fazer uma respiração “boca a boca”.

Na verdade, a respiração de emergência nos cães não são feitas pela boca e sim pelo nariz. Fecha-se o focinho e segura o maxilar com as duas mãos para garantir que o ar não saísse pela boca e depois sopra-se pelo nariz. E assim fiz.

Porém, quando Boy apagou, ficou quieto e o enforcador afrouxou. Quando eu estava com tudo pronto para soprar seu nariz, ele acordou e me olhou nos olhos. O alívio foi meu e foi ainda maior quando ele me lambeu depois que eu soltei seu focinho. Pelo jeito eu tinha um amigo, porque, apesar da proximidade, ele não teve medo de mim nem ficou agressivo.

No fim, a família desistiu de cuidar de Boy e ele foi morar numa fazenda na zona rural de João Pessoa. Sempre que lembro dele, espero que esteja bem onde estiver.

Boy, meu amiguinho, te cuida.

Adestramento de donos de cães

Bruna era uma dobermann marrom. De todos os cães que já adestrei, ela foi a que respondeu ao treinamento mais rápido. Em cinco meses ela estava pronta com treinamento de obediência completo e de defesa domiciliar.

Ela tinha seis meses quando começou. A cadela era linda e muito ativa. Ela morava com uma família que tinha mais alguns cães. Dois vira-latas de pequeno porte e maia velhos e uma outra dobermann com três meses a menos que ela.

Talvez pela disputa com os outros cães, ela logo se apegou a mim e às brincadeiras do adestramento, devia estar competindo com os demais cães da casa pela minha atenção.

Sempre muito atenta, prestava atenção em tudo e, quando na rua, ficava sempre curiosa. Por se tratar de um bairro calmo, muitas vezes pude aplicar o treinamento experimentando até mesmo andar sem a guia presa ao enforcador. Ela nunca saía do meu lado.

Enfim, apesar de curiosa, atenta e muitas vezes super-ativa, Bruna nunca desrespeitava o treinamento. Nunca desobedecia ou fugia. O treinamento foi concluído quando passeia as regras para as pessoas da casa.

Acontece que, tempos depois, quando adestrava outro cão pelo bairro, encontrei com a dona de Bruna e ela se divertiu contando uma história. Ela me disse que estava conversando com uma vizinha no portão e Bruna estava ao seu lado. Como ela tinha dito para que ela não saísse, não se preocupou mais.

No entanto, curiosa como era, a cadela fica num pé e noutro para acompanhar a movimentação da rua. O comando “fica” estava funcionando bem, mesmo com uma estranha na porta que, vez por outra, dava uma gargalhada entre as fofocas.

Só que na rua passaram dois rapazes numa única bicicleta. Um pedalava e o outro vinha sentado de carona. E, num dado momento, o carona resolveu descer da bicicleta ainda em movimento e emendou uma corrida que se tornaria numa caminhada.

Para Bruna aquela visão foi demais. Seu instinto de caça não podia deixar aquilo passar. Pior, quando ela latiu aquela figura que há pouco se transformara em duas correu. Ou seja, é uma presa. Foi demais, até para uma cadela adestrada. E ela partiu.

Bruna iniciou uma perseguição, acredito que mais pela caçada que pelo resultado, correu atrás o rapaz que corria a pé. Enquanto isso, sua dona gritava, xingava, clamava por Deus, tudo. E Bruna nem ouvia, ou fingia que não.

O rapaz subiu num muro alto uns 50 metros dali e escapou da investida da cadela. Tudo bem que dentro na casa protegida pelo muro havia um casal de filas brasileiros, mas o rapaz não chegou a cair.

A dona de Bruna finalmente lembrou das aulas que dei para ela e, ao invés de “ai meu Deus”, “num faça isso” e “menina pare com isso”, ela resolveu dizer: “Bruna, não! Aqui!” Nessa hora a cadela parou o ataque, e voltou para casa sem olhar para trás.

A história é verdadeira e serve para mostrar que, apesar de adestrado, o cão não passa a ser inteligente ou a entender o que nós dizemos para ele. Ele simplesmente passa a reconhecer comandos. Os comandos é que serão obedecidos. Prantos, xingamentos ou preces serão completamente ignorados pelo cachorro.

Outra coisa que a história mostra é que não adianta ter um cão preparado se o dono não conseguir se comunicar com ele e não respeitar os limites que um animal que pode ser perigoso tem (e qualquer cão de grande porte é potencialmente perigoso).

Os porquês

Os cães. Animais que vivem em grupos e precisam respeitar hierarquias e regras para que o convívio social seja harmônico. Os homens.

Lida do primeiro período para o terceiro tanto quanto do terceiro para o primeiro esta frase faz sentido e é verdadeira. Talvez por isso os homens tenham conseguido, há tanto tempo, se aproximar dos cães ao ponto de, em muitos casos os dois grupos partilharem de uma mesma família.

Ouvi dizer e li alguma coisa sobre os grupos de cavalos e de sua fidelidade ao seu líder, quer seja eqüino ou humano, mas até hoje só tive a chance de conviver de maneira cotidiana com cachorros. Assim, para mim, os cães são seres que fazem parte do meu “ciclo familiar”.

Observar matilhas ou cães solitários traz lições valiosas para a vida de qualquer cidadão bípede. A relação com seus semelhantes, a proteção da sua família e a forma de educar seus filhotes dão exemplos excelentes de como nós poderíamos tratar e educar nossos pares.

Claro, para isso precisamos além dos latidos, lambidas, mordidas e dentadas. Mas logo que percebemos o porquê de cada ação e gesto, é flagrante a semelhança com as lições e mensagens que nós mesmos passamos e recebemos.

Portanto, se você quer que o teu cão te obedeça e te admire, primeiro veja como os cães se comunicam e depois use isso ao seu favor. Deixe claro quando está contente ou não com ele. Sempre em gestos e com palavras chave, nunca espere que ele entenda o que você fala, apesar de às vezes parecer que sim.

Tenha em mente uma coisa: seu cachorro te considera o líder dele e por isso vai sempre querer te defender e te agradar. Mostre para ele como ele pode fazer isso e ele vai procurar te agradar sempre.

Abrindo os trabalhos

Aqui começo o que seja local para divulgação de informações sobre cães e seus donos. Como adestrá-los (os donos) e fazer com que o convívio entre cães e homens seja cada vez melhor.

A proposta é, com base na experiência com adestramento e no convívio com diversos cães, oferecer dicas de como lidar com as mais inusitadas situações e melhorar o relacionamento com estas criaturas que já estão conosco há tanto tempo, os cães.

Depois de colecionar algumas histórias, resolvi dividi-las por achar que elas têm, cada uma delas, uma lição interessante e importante que ajuda a entender o que os cachorros querem de nós e o que nós podemos esperar deles.

Até breve,
Maurício Melo